Quando o editor da Parnassus Press, em Berkley, convidou Ursula K. Le Guin para elaborar uma história de fantasia para jovens leitores no final da década de 1960, ela sabia muito bem o desafio que tinha em mãos, mas jamais poderia imaginar que seria a precursora de um novo universo literário. Ousada em suas criações, Le Guin não conseguiu achar um universo adequado, então criou o seu próprio. De ilha em ilha, a autora desenhou o mapa que se transformaria no arquipélago de Terramar.
A partir do desenho, nasceram os personagens desta história; um garoto chamado Ged, órfão de mãe, inocente sobre os segredos e feitiços guardados pela terra. No primeiro volume da saga, ele aprende sobre magia e o sobre que é ser um feiticeiro, além de compreender o peso que isso carrega. Seguindo os ensinamentos de seu mestre, o jovem aprendiz vive uma jornada intensa enquanto lida com seres mágicos como dragões ancestrais e navega por mares inexplorados.
Do lançamento de Terramar em 1968 até hoje, o formato de jovens com habilidades especiais, guiados em suas jornadas por figuras de autoridade mais velhas e enigmáticas, ganhou espaço e já faz parte da cultura pop. Alguns exemplos se tornaram muito famosos, como a história de Harry Potter, de J. K. Rowling, e Os Livros da Magia, de Neil Gaiman. As histórias de um garoto órfão, marcado por um oponente poderoso e sombrio, que busca aprender sobre a magia enquanto vive aventuras fantásticas, tornaram-se mundialmente consagradas.
Muitos autores já comentaram publicamente sobre a relevância de Le Guin para os gêneros de fantasia e ficção científica. Em um texto para a Library of America, Gaiman falou sobre o impacto de Le Guin em sua escrita por meio de uma mensagem que ele enviou para autora antes de entregar à ela a Medalha de Contribuição Distinta às Letras Americanas, da National Book Foundation. “Você não tem ideia de como estou nervoso com a ideia de estar escrevendo para você. Você tem sido um dos meus heróis desde quando eu comprei O Feiticeiro de Terramar com a minha mesada aos onze anos de idade. Sua ficção científica formou minha mente na adolescência e me fez acreditar que tudo era possível e que eventos aconteciam em contexto. Seus ensaios sobre escrita me formaram como autor.”
George R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo, também publicou em seu blog: “Ela era uma das gigantes. Uma contadora de histórias talentosa, dedicada à sua arte, que influenciou toda uma geração de escritores que vieram depois dela, inclusive eu”. E o autor da trilogia de Eragon, Ciclo da Herança, Christopher Paolini, é um dos autores que falou abertamente sobre o impacto de Terramar em seu trabalho. A mágica usada no mundo de Alagaesia funciona de forma similar ao de Le Guin, as palavras carregam poder e o nome verdadeiro das coisas tem um poder místico.
O universo criado por Ursula K. Le Guin se popularizou e expandiu, ao todo o Ciclo Terramar é composto por seis livros, os quatro primeiros volumes você já pode ler nas edições da Morro Branco. Com tradução de Heci Regina Candiani e capas com artes originais de Charles Vess, O feiticeiro de Terramar, As tumbas de Atuan e A última margem estão disponíveis em diversas livrarias e lojas especializadas. Não perca a oportunidade de comprar Tehanu, quarto volume da série que está em pré-venda e será lançado no dia 4 de março de 2024.
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